A maior emoção da vida da mulher não está na carreira, ou no casamento, mas sim nas alegrias e tristezas da maternidade. Mesmo aquelas que optaram pela carreira em primeiro lugar, sabem que enquanto as emoções da profissão são passageiras e superficiais, as emoções da maternidade são profundas e definitivas.
A maternidade é sem dúvida alguma a tarefa mais difícil, mais sublime e mais importante de todas as mulheres. O amor materno é incondicional. Para a mãe não importa se o filho é feio ou bonito, saudável ou doente, pois ela o amará independente de tudo que ele faça ou seja.
Há várias décadas vivemos a difícil tarefa de conciliar a maternidade com a profissão. Não é fácil, mas vale a pena. Ao interromper o trabalho para tirar a licença da gestação, a mulher acredita que ao voltar poderá continuar de onde parou. Isto é impossível, pois a pessoa que retorna é outra. As prioridades mudaram, o modo de encarar a vida mudou, os valores mudaram. Toda mulher que já passou por esta experiência sabe que a partir do nascimento da criança todas as atenções e preocupações se voltarão para o novo ser, que agora necessita da mãe para a mais vital das necessidades: comer. Não importa se é pelo instinto maternal ou pelos valores culturais, mas assim que a criança vem ao mundo, nasce uma mãe com ela. A sensação de ter nas mãos a vida de uma pessoa tão pequena e tão carente faz aparecer na mulher sentimentos até então inexistentes, independente de ter sido gerada no próprio ventre ou não.
A gestação
Durante os nove meses de gestação o corpo da mulher sofre uma série de alterações físicas e psíquicas, independentes da sua vontade, que irão transformar a mulher definitivamente. Todo médico sabe que muitas das modificações físicas serão permanentes, mas nenhuma delas será tão marcante quanto as psíquicas.
O primeiro alerta de que está grávida é o atraso da menstruação. A seguir as mamas crescem e se tornam doloridas e sensíveis. Um mês depois, a mulher começa a sentir cheiros que antes ela não percebia. O odor da comida, principalmente da fritura ou do cigarro despertam em algumas mulheres o reflexo do vômito. Este impulso de vomitar a toda hora foi, por muitos anos, considerado como uma rejeição da mãe à gravidez, mas estudos realizados em mamíferos mostraram que é pelo odor que as fêmeas reconhecem seus filhotes e consegue comida para a prole.
Na espécie humana, a hipertrofia do olfato durante a gravidez, acaba provocando náuseas e vômitos.
O aumento da barriga ocorrerá após o terceiro mês de gestação, quando o útero cresce e sai da pelve. À medida que o volume uterino aumenta a pele da barriga começa a se esticar. Se o aumento do peso for proporcional e lento (o ideal é 1 kg por mês) as estrias não aparecerão. Mas se a mulher engordar mais do que 2 quilos por mês, a pele se distende rapidamente e as estrias surgirão na barriga, nas mamas e nos quadris. O corpo começa a se transformar.
No quinto mês o feto já está totalmente formado e pesa aproximadamente 400g. É nesta época que a mãe começa a perceber os movimentos fetais. No começo mal sente os primeiros chutes, mas à medida que a gestação progride, eles vão tornando-se cada vez mais fortes. Como por reflexo, a mulher coloca a mão na barriga para acalmar o feto. A ligação mãe-feto torna-se mais estreita.
Com sete meses a criança pesa aproximadamente de 1.000g, e a partir daí irá aumentar 30g por dia, até atingir 3 quilos, época em que estará pronta para nascer.
No último mês de gravidez o cansaço aumenta, o peso torna-se um inimigo, pois além de insistir em aumentar mais do que um quilo por mês o corpo começa a inchar. A pressão poderá aumentar e as pernas ficam mais inchadas e doloridas. As cãibras, principalmente à noite tornam-se mais freqüentes.
A ansiedade e a impaciência ficam mais intensas e o tamanho da barriga passa a incomodar, não somente na hora de dormir, mas principalmente na hora de se vestir, pois dificilmente alguma roupa servirá.
Até que finalmente chega a hora do parto.
As primeiras contrações, isto é, dores em cólica, aparecem. Inicialmente elas ocorrem uma ou duas vezes por dia, mas depois vão ficando cada vez mais fortes e mais freqüentes, até ficarem 3 em 10 minutos. Está na hora de ir para o hospital.
Finalmente chegou o momento da criança nascer. O tipo de parto, se cesárea ou normal dependerá da evolução do parto. Se tudo estiver correndo normalmente, o melhor será um parto normal. Mas se durante o trabalho de parto algo ocorrer, dificultando a saída do feto, a cesárea torna-se uma opção, obrigatória. O importante nesta hora é que a criança esteja bem.
O trabalho de parto culmina com o nascimento da criança e de uma nova mulher. Acabaram as noites tranqüilas, acabou a liberdade de fazer o que quiser, sem se preocupar com as conseqüências e começa uma nova vida, cheia de responsabilidades, obrigações, alegrias, sofrimentos e emoções.
Transformando a mulher em mãe
Ninguém nasce mãe. O amor maternal pode já iniciar durante a gravidez, mas ele vai crescendo gradualmente no dia a dia. Quando a criança chega ao novo lar um sentimento de medo e insegurança começa a nos dominar. É nesta hora, que entendemos que sem a nossa ajuda, nosso carinho e nossa atenção ela não sobreviverá. Começa então um vínculo de amor e dependência entre mãe e filho, uma cumplicidade até então desconhecida. A criança percebe que a mãe lhe dará alimento, carinho e conforto e passa a retribuir com pequenos gestos. Por outro lado, nossa vida adquire um sentido maior, que escapa do nosso corpo. O amor materno começa a germinar, e vai tomando conta de nossas emoções. O contato com a criança, a alegria de vê-la dar o primeiro sorriso, a emoção das primeiras palavras, a teimosia em continuar tentando andar mesmo depois de ter caído várias vezes, cria um vínculo de carinho e afetividade cada vez maior.
Aquele novo ser que depende de nós para as necessidades mais vitais passa a dominar os nossos pensamentos vinte e quatro horas por dias. Às vezes estamos tão cansadas que desejaríamos cair fora, mas o sentimento materno, agora é mais forte e esquecemos o próprio cansaço para voltarmos todas as nossas atenções para a criança.
À medida que a criança cresce, percebemos que já não somos tão vitais para a sua sobrevivência, mas ela já domina nossos pensamentos e nossas emoções. Nada voltará a ser como antes.
Os primeiros meses de vida da criança
São sem dúvida os mais cansativos e os mais emocionantes. Cada gesto, cada movimento, um simples sorriso ou o choro de fome fazem com que nossas emoções venham à flor da pele, e entre o cansaço e a alegria alternamos o choro e o riso.
Começa, então, a difícil rotina de trocar fraldas, amamentar, fazer arrotar, dar banho, preparar a comida, arrumar a casa, lavar a roupa, e novamente trocar as fraldas, amamentar, até que por volta dos trinta dias de vida a criança dá a primeira risada, como que dizendo obrigada pelo carinho. Depois com três meses começa a firmar a cabeça e movimentar-se na cama. Quantas vezes saímos para cuidar da casa e quando voltamos o nenê não está mais na cama, mas no chão. É neste dia que percebemos independente da nossa vontade, ele irá seguir o seu caminho.
Aos seis meses a criança já senta, e com um ano começa a dar os primeiros passos e a levar os primeiros tombos. A cada queda, nosso coração dispara e cientes da fragilidade da criança redobramos nossa atenção.
De repente, o que antes era simplesmente um ensaio se torna realidade e a criança fala a primeira palavra. Se for mamãe a emoção será dobrada, mas qualquer que seja a palavra dita, uma nova fase estará começando. A criança agora passa a transmitir seus sentimentos, desejos e vontades através da palavra. Tudo é motivo de alegria, tudo é engraçado.
Todas as fases da vida da criança são importantes para os pais, mas sem dúvida estes dois primeiros anos são os mais cansativos e emocionantes. Acompanhar o desenvolvimento deste pequeno ser, que apesar das dificuldades insiste em andar, cair, e se fazer entender através de gestos, monossílabos e posteriormente palavras é indescritível.
Se for menina começamos a fazer rabinho, colocar brinco, enfeitar. Se for menino o pai logo comprará uma bola ou a roupa do time.
A comemoração do primeiro aniversário é um marco na vida de todos os pais. O mais difícil já passou queremos festejar com a família e os amigos.
Dos 6 aos 10 anos de idade
Do segundo ao sexto ano de vida, a criança se desenvolve imitando todos que a cercam. Começa a testar os seus limites, e insiste em explorar cada vez mais o território ao seu redor. Repreender e educar é fundamental nesta fase, pois muitas vezes a criança indiferente aos perigos do dia a dia pode colocar a sua integridade física em risco.
As crianças precisam ser protegidas e cobradas de acordo com suas necessidades e capacidade. (Içami Tiba).
“É dever de todos os pais:
– educar e ensinar os limites;
– preparar os filhos para viverem em sociedade, respeitando os direitos dos outros e cumprindo com os seus deveres;
– dar amor e ensinar a amar”.
Quando os filhos vão para a pré-escola eles já não precisam tanto dos pais, embora estes ainda continuem sendo as pessoas mais importantes na vida deles. Na escola a criança aprenderá a dividir, participar de atividades em grupo e individuais, a ler e a escrever, e principalmente a se sociabilizar. Ao freqüentar a casa dos novos amigos ela conhecerá novas estruturas familiares e o horizonte se amplia. Os amigos começam a participar da sua vida, entram novos adultos, na figura de professor, orientador, diretor que irão influenciar a maneira deles enxergaram a vida, embora os pais continuem ainda sendo os principais modelos a serem seguidos.
Como mãe a vida fica mais tranqüila, pois as necessidades físicas já diminuíram e os filhos já não exigem tantos cuidados. Cada dia eles chegam com uma novidade ou um questionamento. A comparação entre nós, pais e os demais adultos é cada vez mais freqüente. É a fase em que a rivalidade entre os irmãos torna-se mais acirrada, e muitas vezes acabamos perdendo a paciência e interferindo. Todos querem e precisam chamar a atenção dos pais para a sua pessoa. Começam a perturbar tanto os irmãos quanto os pais, até que estes parem o que estão fazendo e prestem atenção para as suas carências. Mas esta fase ainda é tranqüila, pois a maior parte das necessidades físicas e psíquicas de que os filhos precisam, poderá facilmente ser suprida pelos pais.
As conversas fluem com facilidade, pois a criança está ansiosa para contar o que aconteceu e ouvir a opinião dos pais. Aqui começa a formação do caráter, da personalidade, dos hábitos. Mais do que ouvir, eles estão vendo e observando a forma como os pais reagem às diferentes situações. As palavras já não são tão importantes quanto as ações. Todas as atitudes são observadas e gravadas no subconsciente da criança para serem repetidas mais tarde, seja na adolescência ou na vida adulta. E como um rio que se aproxima do mar a puberdade vai chegando.
Adolescência
Não existe manuais para os pais aprenderem a lidar com o adolescente. Muitos livros já foram escritos por estudiosos no assunto, mas nenhum consegue amenizar o sofrimento dos pais, e dos filhos nesta fase tão difícil, onde as brigas são a rotina e a intolerância atinge altas temperaturas, acabando algumas vezes com qualquer possibilidade de diálogo.
É a pior fase da maternidade, onde várias vezes nos questionamos onde erramos. Filmes como “Juventude Rebelde”, tentaram retratar parte destes conflitos, mas independente da época, os conflitos se perpetuam como um ritual que precisa ser cumprido antes da maturidade.
Na adolescência os pais deixam de ser os ídolos, e tornam-se os inimigos, que querem controlar tudo, cercear a liberdade, impondo seus valores e normas sem compreender a necessidade do jovem. Em busca da própria individualidade ele se afasta pais e sai à procura da sua identidade e do seu grupo.
A tensão aumenta ainda mais quando o adolescente, para chamar a atenção para si, começa a praticar atos anti-sociais. Se a relação pais-filho não for muito boa, é o momento, em que os filhos ou por vingança, ou para chamarem a atenção dos pais, procuram nas drogas o apoio e a coragem que não encontram em casa.
Alguns pais radicalizam ainda mais, e o vínculo que já estava estreito pode se romper e deixar seqüelas para ambos os lados. Rever as posições e as estratégias torna-se obrigatório, e embora não existam regras definidas, a experiência mostra que se o esquema de educação adotado falhou, está na hora de ser reavaliado. Se super- protegemos os filhos, eles provavelmente cresceram inseguros e medrosos, despreparados para encarar os desafios da vida. Se ao contrário, fomos muito liberais permitindo que eles fizessem tudo o que queriam, eles cresceram sem limites, e sem respeito pelo próximo, inclusive pelos pais. Achar o equilíbrio entre os diferentes tipos de educação, é muito difícil. Para piorar ainda mais a situação a carga genética que cada um dos filhos recebeu é totalmente diferente da herdada pelo irmão e o que funcionou para um não servirá para o outro.
A situação fica ainda mais complicada se o casamento estiver em crise. Pai e mãe precisam estar unidos para que um não tire a autoridade do outro. Se o casal não consegue dialogas, os filhos se aproveitarão desta disso, para obterem o que desejam e não se sentirão culpados em jogar o pai contra a mãe ou vice-versa. Quanto mais desunidos estiverem os pais, melhor será para eles conseguirem atingir seus objetivos. Outras vezes, o pai já não está mais em casa e restou para a mãe a difícil função de educar e ainda evitar que eles entrem no caminho das drogas e do crime.
Batalha difícil e muitas vezes impossível de ser vencida. Dar o melhor de si, deixar bem claro a sua posição quanto a assuntos controversos e buscar ajuda quando necessário não impedirão o adolescente de errar, mas você saberá que não desistiu e que estará sempre lá quando ele precisar.
Nesta fase, os pais devem colocar os filhos em primeiro lugar, pois é importante saber que será mais fácil recuperar uma oportunidade perdida no emprego do que recuperar um filho drogado. A carreira poderá ser protelada e novamente reiniciada, mas tirar um filho do vício, será infinitamente mais difícil. Se a barra pesar demais, não tenha medo de procurar ajuda de profissionais especializados. (vide bibliografia).
Felizmente, a adolescência não dura para sempre, e se conseguirmos ter muita paciência ela será superada sem seqüelas e o relacionamento entre pais e filhos, voltará a se normalizar.
A maioridade
Nesta fase deverá prevalecer o que foi dito no começo do capítulo. Não colocamos os filhos no mundo para eles fiquem eternamente conosco e tampouco para serem continuação ou retrato envelhecido daquilo que fomos ou que desejaríamos ter sido. Os filhos devem ser criados por nós para sobreviverem e serem felizes, independentemente da nossa pessoa.
Mas, infelizmente, a cada ano que passa o primeiro emprego está cada vez mais difícil de acontecer. A grande oferta de novos jovens que lota o mercado todos os anos, fez com que a competitividade se acirrasse e as chances de conseguir o emprego logo após o término da faculdade se tornaram cada vez mais remotas. Continuar os estudos e morar com os pais, mesmo depois de formado, passou a ser cada vez mais freqüente.
Para evitar o desemprego após a formatura torna-se cada vez mais necessário estagiar ainda durante a faculdade. O mercado de trabalho prefere sempre aqueles que já tiveram experiência ou que possuem mais qualificações e por isso, o estágio tornou-se uma das poucas garantias de que ao terminar a faculdade já terão adquirido a experiência exigida pelos empregadores.
Se isto não ocorrer, ou seja, o filho aproveitar os anos de faculdade para curtir a vida, estará armando uma bomba relógio que irá explodir mais tarde. O desemprego adia a maturidade, provoca insegurança e reduz a auto-estima do jovem recém-formado. Cabe aos pais aos poucos, orientarem os filhos de que a mesada não será para sempre, e quanto mais cedo começarem a ganhar o seu dinheiro, mais preparados para a vida eles estarão. Infelizmente muitos filhos se acomodam na posição de eternos estudantes, e os pais acreditando estar poupando-os acabam prejudicando e adiando o crescimento dos mesmos. Cada vez mais os jovens acomodam-se com as mordomias do lar e não adquirem coragem para bancarem sozinhos as responsabilidades de viverem por conta própria. Para as mães, terem os filhos sempre por perto, pode ser gostoso, mas o vínculo que se forma entre ambos pode ser tão forte que interferirá em todos os futuros relacionamentos. Quanto mais cedo o cordão umbilical for cortado, mais fácil será para ambos. Se isto não for possível o ideal é preservar ao máximo a individualidade de cada um.
A necessidade de impor os limites
Muitos pais acreditam a que a coisa mais importante na educação dos filhos é oferecer condições para eles sejam felizes e por isto, muitas vezes permitem que os filhos façam tudo o que quiserem, com receio de frustrá-los. Todo ser humano que vive em sociedade precisa de limites, pois viver em sociedade é respeitar os direitos de cada um. É muito importante criar o indivíduo para que ele entenda que a sua liberdade termina exatamente onde começa a liberdade do outro. Os deveres e os limites devem começar a ser ensinados já na primeira infância.
Quando não cumprem a sua tarefa básica de colocar limites, os pais estão criando filhos mal-educados. (Içami Tiba: “Seja feliz, meu filho).
Durante vários momentos da vida somos obrigados a obedecer, se quisermos nos manter no emprego, ou mesmo para obter algo muito difícil necessitamos nos submeter às regras. Por exemplo, durante os anos de faculdade, se quisermos obter o diploma precisamos repeitar não somente os professores mas também as regras da faculdade. Não podemos fazer somente o que nos dá prazer, pois isto não nos levará a lugar algum. Com o tempo entendemos que os deveres e o esforço fazem parte da vida, e são através deles que se adquire a auto-estima. Se fizermos a maioria dos deveres dos nossos filhos por eles, como por exemplo, arrumar a bagunça que eles fizeram ou ajudando nas lições de casa, estaremos tirando deles a oportunidade de aprender que os deveres e as frustrações fazem parte de vida.
Pais super-protetores acabam criando crianças inseguras e folgadas, que desistem facilmente do que desejam frente ao primeiro obstáculo. Sem querer, esse tipo de pai não estará ensinando ao filho como se tornar um vencedor, mas estará criando perdedores.
Um dos maiores erros que os pais podem cometer é educar os filhos sem limites claros do que podem ou não fazer. Isto se tornou mais freqüente recentemente, pois os pais de hoje, que viveram a ditadura duplamente, dentro de casa e fora, revoltaram-se contra o autoritarismo e tornaram-se extremamente permissivos. Para piorar a situação a mãe agora trabalhando fora se sentiu culpada por deixar os filhos tanto tempo sozinhos, e tentou compensar permitindo que eles fizessem o que queriam. Os filhos desses pais, portanto netos dos avós autoritários, tornam-se onipotentes com pés de barro: para eles tudo pode, mas não suportam nenhuma frustração . (Içami Tiba)
A criança que não aprende a ter limites tende a desenvolver um quadro de dificuldades que vai se instalando gradativamente, muito bem descrito em “Limites sem traumas”, de Tânia Tagury, onde a autora narra a evolução de uma pessoa criada sem limites.
“A falta de limites, provoca na pessoa a perda do controle emocional que evolui para crises de ataques de raiva. Esta falta de limites irá causar vários problemas na escola e no relacionamento com os outros, tais como: distúrbios de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades, incapacidade de concentração, dificuldade para concluir tarefas, excitabilidade e baixo rendimento. Para aquele que foi criado sem limites a única coisa realmente importante será a busca pelo próprio bem estar e pelo prazer, mesmo que para isto precise magoar outras pessoas.
O egocentrismo natural nos primeiros anos, que deveria ter diminuído continua aumentando, e as conseqüências serão: desinteresse pelos estudos, desrespeito pelos outros, falta de concentração, de capacidade de aceitar qualquer dificuldade e de persistência. Infelizmente, este tipo de educação acaba gerando pessoas que quando contrariadas perdem totalmente o controle e partem para a agressão, física ou verbal, ou em casos mais graves acabam desviando para a marginalização, o alcoolismo e o consumo de drogas”.
A obrigação de ensinar os deveres para os filhos
Muitas vezes, os pais e principalmente as mães, tentam poupar os filhos de pequenas tarefas, ou por preguiça para não precisar refazer o que eles fizeram errado, ou por acreditar que eles ainda são muito novos para já terem deveres dentro da casa. Tentando poupá-los das obrigações que com certeza terão na vida adulta, protelam a hora de começar a dar responsabilidades para os filhos. Esta atitude acabará provocando nos filhos a sensação de que os pais vieram ao mundo para servi-los. A mãe que ao invés de obrigar a criança a arrumar o quarto preferir fazê-lo, não estará ensinando o filho a cuidar de suas coisas, e ele não aprenderá a dar valor a elas. A situação piora se o pai adere ao bloco. É o que Içami Tiba denomina de cozinha e copa. A mãe fica na cozinha (faz as compras, cozinha, põe a mesa, lava as panelas e serve a comida) enquanto os filhos e o marido ficam na sala e só aparecem para comer, depois levantam e voltam para as suas atividades. Indiferentes ao trabalho que a mãe teve, todos comem e ao terminarem levantam e deixam para a mãe a tarefa de lavar a louça. Esta atitude de muitas mães de sempre darem, sem nunca pedirem nada em troca, acreditando que os filhos entenderão o seu esforço e devolverão espontaneamente essa doação, sem que ela tenha que pedir, provoca nos filhos a falsa impressão de que ela não precisa de nada, e enquanto os filhos se tornam folgados e egoístas, ela se torna amarga e infeliz:
“Embaixo de um folgado,existe sempre um sufocado.”
Ensinar desde cedo pequenos deveres, tais como arrumar a cama, enxugar a louça, colocar o lixo para fora, varrer a casa ou por a mesa para as refeições, dará a cada um a exata noção de que para que todos gozem dos prazeres de ter uma casa limpa e em ordem é necessário que todos participem. Com isto cria-se nos filhos a responsabilidade e ao mesmo tempo mostra como cada um é importante para manter a harmonia do lar.
Educando os filhos para a vida e ajudando a construir a auto estima
Infelizmente nenhuma criança vem ao mundo trazendo consigo um manual de como torná-la um adulto responsável, feliz e integrado com a sociedade em que vive. Para piorar ainda mais esta missão, os filhos não são todos iguais, e cada um nasce com características genéticas diferentes, necessidades diferentes e carências diferentes. O importante é fornecer à criança condições, desde a mais tenra idade para desenvolver ao máximo a sua capacidade tanto intelectual como sentimental. Ajudar o filho a ter auto-estima é uma das tarefas mais difíceis de serem alcançadas pelos pais, pois isto não depende apenas deles, mas também da criança e das circunstâncias em que se desenvolve.
A auto-estima começa a ser construída na primeira infância e continua se desenvolvendo conforme a criança vai crescendo. Quanto mais segura de si, mais amada e mais capacitada a criança se sentir, melhor será a imagem que ela terá de si mesma.. Incentivar a criança a superar as dificuldades, elogiar quando merecer e dar atenção e amor, são as ferramentas indispensáveis dos pais e dos educadores, na construção da auto-estima.
Para que a criança se sinta amada é necessário que ela seja respeitada, e respeitar significa:
-dar espaço para que tenham os seus próprios sentimentos; e ajudando a expressá-los de maneira socialmente aceitável;
-aceitá-las como são, mesmo que não correspondam às expectativas dos pais.
-não julgá-las pelas suas atitudes.
“O respeito à criança lhe ensina que ela é amada, não somente pelo que faz. Mas pelo simples fato de existir. Assim a criança vai desenvolvendo a auto-estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades.
Os pais podem dar alegria, conforto, satisfação e roupas da moda para os filhos, mas não podem dar-lhes a felicidade. O que os pais podem fazer é alimentar a auto-estima dos filhos, que é a base da felicidade.
A construção da felicidade depende da capacidade de absorver a frustração, usufruir os ganhos e aprender com tudo isto.” (Içami Tiba).
Criando os filhos sem complicação
Educar os filhos, segundo Doug Peine (autor do livro “Criar filhos não é tão complicado” ) é uma tarefa gostosa e simples que exige dos pais:
-maturidade;
– respeito pelos filhos;
– humildade em reconhecer quando errou, e pedir desculpas;
– necessidade de deixar claro que o amor dos pais não depende daquilo que eles são ou fazem;
-carinho;
-paciência;
Educar os filhos, pode a princípio parecer difícil, mas a verdade é que se seguirmos estas regras básicas desde a infância o que parecia complicado tornar-se-á simples e prazeroso:
-Educar não é bater ou humilhar. Educar é ensinar os limites com carinho e firmeza.
-Educar é dar o exemplo.
-Aprenda a respeitar o seu filho e não o deprecie nem sozinho nem em público;
-Quando tiver que repreender alguma atitude dele, mantenha suas críticas no ato e nunca na pessoa;
-Evite cobrar de seu filho comportamentos ou responsabilidades que ele ainda não está preparado para exercer, pois fatalmente ele irá falhar e se sentirá mal consigo mesmo e envergonhado com os outros;
-Elogie sempre que necessário e faça-o, se possível, com palavras carinhosas ou beijos e abraços, pois o contato físico é muito importante;
-Faça-o entender que você o amará sempre, independente do fato de ser bonito ou feio, gordo ou magro, inteligente ou não. O importante é ele se sentir querido e amado pelos pais.
-Quando estiver em casa aproveite ao máximo o tempo para fazerem atividades em comum, como por exemplo, jogarem, praticarem um esporte, assistirem televisão juntos, ou quando ainda forem pequenos leia ou conte histórias.
-O exemplo é o que fica, por isto sempre que estiver errado, reconheça quando ultrapassou os limites (que pais também erram e muito) e peça desculpas. Isto tornará o seu filho uma pessoa “emocionalmente” mais inteligente, e ensinará que errar é humano, mas é necessário corrigir os erros, ou com atos ou com palavras.
-Comemore cada momento importante da vida dele, e faça-o sentir o quanto você o ama.
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