A interrupção da menstruação é indicada? Em quais casos?
É possível interromper a menstruação sem causar danos para a saúde?
Para algumas mulheres a menstruação é pouca, e raramente apresenta sintomas importantes. Mas para outras, ele é mais intensa, mais prolongada e pode vir acompanhada de uma séria de sintomas, tais como dor de cabeça, tontura, indisposição, cólicas, vômitos, fraqueza, inchaço e irritabilidade ou depressão e se for muito prolongada, pode causar anemia.
Por isto, muitas mulheres optam por interromper a menstruação, e é cada vez maior o número de médicos que orientam para que a mulher não menstrue.
Felizmente hoje, dispomos de vários métodos que atuam interrompendo a menstruação. O mais importante é conhecer as vantagens e desvantagens de cada método, e com a ajudo do ginecologista optar por aquele que será mais adequado para você.
Quais são os métodos mais usados para interromper a menstruação? Quais são as suas vantagens e desvantagens?
Os métodos mais utilizados para interromper a menstruação são:
Uso de pílula anticoncepcional de forma contínua
Dispositivo intra-uterino contendo hormônio na sua formulação
Injeção trimestral de acetato de medroxiprogesterona
Administração de análogos do GnRh
Implantes com hormônios
Histerectomia com ou sem ooforectomia
Todos estes métodos tem suas vantagens e desvantagens, como veremos a seguir
1-Pílula anticoncepcional de uso contínuo
Existem dois tipos de pílulas anticoncepcionais à venda no Brasil. As pílulas contendo estrogênio e progestagênio (quase todas do mercado) na sua formulação , ou as pílulas contendo apenas progestogênio na sua formulação
Pilulas com progestogênios isolados
As pílulas que contem apenas progestagênio na sua formulação, são as mesmas que são utilizadas pela mulher que está amamentando. Ela deve ser tomada diariamente, sem intervalo entre uma ou outra cartela. Estas pílulas são um pouco mais fracas que as outras, mas tem a grande vantagem de ter menos efeitos colaterais.
Elas devem ser iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual, e ser ingerida diariamente, sempre no mesmo horário, sem parar. Geralmente nos primeiros meses, podem ocorrer alguns sangramentos irregulares, em pequena quantidade e contínuo, que deve desaparecer após 6 meses de uso. A interrupção da menstruação ocorre apos vários meses de uso, e permanecerá até o dia em que a mulher deixar de ingerir o comprimido.
A grande vantagem desta pílula é que ela geralmente não provoca aumento da pressão arterial, e pode ser ingerida por mulheres com mais de 40 anos ou mesmo por pessoas que não podem tomar estrogênio ( pacientes com doenças auto- imunes, fumantes, com mais de 40 anos)
A desvantagem é que ela demora para interromper a menstruação e pode causar espinhas.
-Pilulas anticoncepcionais com estrogênios e progestogênios na sua formulação (a maioria das pílulas)
Este tipo de pílula é o mais usado para interromper a menstruação, pois é a pilula prescrita normalmente pelos ginecologistas, e só difere no fato de não dar o intervalo entre as cartelas. Entretanto estas pílulas são as que mais provocam efeitos colaterais e podem inclusive aumentar a incidência de apresentar trombose ou AVC.
Por isto é muito importante saber quando não devem ser usadas e por quem não podem ser usadas. Estas pílulas são muito utilizadas, pois alem de prevenir a gravidez podem melhorar a pele, regular o ciclo menstrual, tratar a cólica. Entretanto estas pílulas não devem ser tomadas por mulheres com mais de 40 anos, fumantes, hipertensas ou com doenças que impedem a ingestão de hormônios (lúpus, diabete, doença hepática, etc).
A vantagem destas pílulas é que interrompem a menstruação rapidamente. A desvantagem é que podem provocar sangramentos intensos, aumentam a celulite, aumentam as varizes e podem causar complicações vasculares, tipo trombose. Estes tipod de complicação geralmente ocorrem em mulheres com mais de 40 anos, e/ou fumantes, e/ou com vida sedentária. Os riscos de ocorrerem problemas vasculares aumentam quanto maior for a dosagem de estogênios da pílula ( a maior concentração é de 35 ou 30 mcg de etinilestradiol e as menores são de 20 e 15 mcg) e de qual é o progestogênio que a pilula contêm, sendo que os que mais causam problemas são a drospirenona e a ciproterona. Por isto é muito importante conversar com o ginecologista antes de começar a tomar a pílula, e relatar todos os problemas clínicos que você tem, ou existentes na família.
2-Dispositivos intra uterinos (DIU) com hormônio
Os dispositivos intra-uterinos contendo hormônio, atuam mais localmente, e impedem o endométrio de proliferar. Com isto reduzem muito ou total mente o fluxo menstrual.
A aplicação é feita no consultório e dura 5 anos. A vantagem é que não tem tantos efeitos sistêmicos, e pode ser usado em qualquer idade, embora seja mais aconselhável para as mulheres que já tiveram filhos.
As desvantagens são que além de serem mais caros, eles podem raramente serem eliminados, quando o fluxo menstrual é muito abundante, ou se a paciente nunca teve filhos. Não podem ser aplicados em pacientes virgens, com útero muito pequeno (adolescente).
3-Injeções trimestrais de progesterona
As injeções trimestrais de progesterona são as mais utilizadas com o objetivo de interromper a menstruação a longo prazo. São administradas a cada três meses, e tem a grande vantagem de agir diminuindo a irritabilidade, e agressividade.
Estas injeções são muito utilizadas no tratamento de pacientes com doenças crônicas, tais como: epilepsia, doenças psiquiátricas, doenças neurológicas, doenças auto imunes, etc. As desvantagens deste método é que aumentam o peso e pode causar diminuição da massa óssea quando administradas por mais de 5 anos.
4- Análogos do GnRh
Os análogos do GnRh ( acetato de leuprolide, gosserrelina, tripitorrelina , etc) são substâncias geralmente administradas de forma intra muscular , ou subcutânea , mensalmente ou trimestralmente e agem interropendo a produção de hormônios pelos ovários. Este medicamentos são caros, embora possam ser fornecidos pela secretaria da saúde, e são utilizados nos casos em que é aconselhável o bloqueio do ciclo menstrual, como por exemplo na endometriose e na puberdade precoce, ou em mulheres com miomas sangrantes ou doenças crônicas.
São medicamentos muito potentes que interrompem a menstruação, mas pode causar os sintomas da menopausa: perda da massa óssea, calores, aumento de peso, etc.
Por isto estes medicamentos somente devem ser administrados por 6 meses.
5-Implantes de hormônio
Os implantes são materiais inabsorvíveis, colocados debaixo da pele que contem no seu interior hormônios. Estes hormônios são liberados no corpo, lentamente, por meses ou anos. Existe atualmente no mercado o implante com progesterona, que em 25 a 50 % das mulheres pode interromper a menstruação ou diminuir muito o sangramento menstrual. Infelizmente em 25% das mulheres pode ocorrer o efeito oposto, isto é, sangramento contínuo e intenso, que precisam ser retirados.
Existem outros implantes, que contêm estrogênios, progestogênio e androgênios, e que ainda não foram liberados para o uso no Ministério da Saúde, pois a dosagem e o tempo variam de acordo com o fabricante, e os resultados são diferentes para cada paciente.
O importante, é que se a paciente desejar usar um implante não liberado pelo ANVISA ela deve solicitar por escrito o nome do hormônio que está sendo injetado e a dosagem, pois se houver algum efeito colateral será mais fácil de tratar. Sem esta informação a paciente ficará impossibilitada de receber ajuda de qualquer outro médico em caso de necessidade.
6-Retirado do utero e/ou ovários
Na retirada do útero (histerectomia) a mulher para de menstruar, mas não entra na menopausa, pois continua produzindo os hormônios pelos ovários. Na ooforectomia a mulher entra na menopausa, pois são retirados os ovários, e ela não volta mais a produzir os hormônios. Este métodos interrompem a menstruação definitivamente, e por serem cirúrgicos somente estão indicados quando houver algum fator anatômico presente, que justifique a cirurgia.
Conclusão
A menstruação pode ser interrompida, sim e em muitos casos é obrigatório interromper a menstruação, para melhorar a saúde da mulher. Mas infelizmente não há nenhum método sem efeitos colaterais. A escolha do melhor método vai depender de cada mulher, do motivo que a levou a optar por interrupção do ciclo menstrual e das doenças coadjuvantes.