Não é fácil aceitar, mas a TPM existe sim.

A tensão pré-menstrual começa alguns dias antes da menstruação, vai aumentando de intensidade e só termina quando a menstruação chega. Embora você queira lutar contra ela, ela muda a forma como você se comporta, o seu humor e a sua rotina. De repente, a vida começa a ficar mais difícil, mais triste, você explode por qualquer coisa, a confiança em você e nos outros vai embora e acaba brigando com o marido ou namorado, fala o que não devia e depois se arrepende.

Para piorar você fica com uma vontade louca de comer doces, e as dores antes existentes começam a aumentar. A vontade é de ficar sozinha e não fazer nada. Como se tudo isto não bastasse, muitas mulheres sentem uma forte pressão na cabeça que as obriga a tomar medicamentos que muitas vezes não funcionam ou acabam sedando.

Como fazer para lidar com as dores, o mal humor e a tristeza durante estes dias que antecedem a menstruação? A vontade mesmo é mandar tudo para os ares e ficar sozinha. Mas isto é impossível. Hoje as mulheres não só precisam cuidar da casa e dos filhos, como ainda precisam trabalhar.

A primeira coisa é entender, que você não está ficando louca. A Tensão Pré-Menstrual acaba com a menstruação, mas…

TUDO O QUE VOCÊ FEZ, FALOU OU COMEU VAI FICAR PARA SEMPRE.

Então o que fazer?

Aprender a lidar com estas mudanças de humor para não tomar atitudes ou fazer coisas que depois você possa se arrepender, e tratar os sintomas e as dores, para não perder o emprego ou o dia.

Vamos começar, passo a passo a entender o que é TPM e como se trata a TPM

O QUE É TPM OU TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL?

Muitas mulheres podem apresentar antes da menstruação, uma série de sintomas, tais como: irritabilidade, depressão, choro fácil, cansaço ou dores de cabeça, dores nas mamas, pernas e barriga, que começam alguns dias antes da menstruação, vão aumentando de intensidade e então desaparecem espontaneamente quando a menstruação chega, voltando tudo ao normal.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA TPM?

Já foram descritos mais de 100 sintomas, mas os mais freqüentes são:

  • irritabilidade ou nervosismo;
  • ansiedade ou tensão;
  • depressão ou tristeza;
  • dor de cabeça ou enxaqueca;
  • choro fácil ou chorar sem motivo aparente;
  • desânimo ou falta de vontade de fazer coisas;
  • fadiga ou cansaço;
  • dor ou inchaço nas mamas, pernas e barriga;
  • aumento de apetite;
  • compulsão por doces ou vontade incontrolável de comer algo doce;
  • insônia ou falta de sono;
  • agressividade ou vontade de agredir , bater;
  • confusão ou esquecimento;
  • dores no corpo;
  • obstipação intestinal ou prisão de ventre;
  • diminuição da libido ou falta de vontade de ter relação
  • etc.

 

TODAS AS MULHERES TEM TPM?

Não. Embora a TPM possa ocorrer em qualquer idade, ela é mais frequente após os 30 anos.

Um levantamento feito no Hospital das Clínicas de São Paulo em 1000 mulheres de 10 a 49 anos (Diegoli et al., 1995), revelou as seguintes frequências:

– 5 a 10% (média de 7,9%) das mulheres sofrem de TPM severa, que atrapalham muito o dia a dia

– 25- 30 % (média de 27,1%) tem sintomas moderados que não impedem a pessoa de fazer suas tarefas, nem seus relacionamentos, mas dificulta

– 30% leves apresentam sintomas leves, que não atrapalham a rotina

– 35% não apresentam nenhum sintomas

Como mostra a pesquisa, aproximadamente 35% (27,1 + 7,9) das mulheres sofrem de TPM moderada ou intensa, que interfere com o trabalho ou as atividades diárias.

PORQUE A TPM OCORRE?

Existem várias teorias que tentam explicar as causas da TPM:

1- alterações nos níveis da serotonina.

A serotonina é uma substância produzidas pelo sistema nervoso, responsável principalmente pelo humor e apetite. Alterações nos níveis da serotonina poderiam explicar vários sintomas da TPM, tais como: irritabilidade, agressividade , depressão, mudanças no apetite etc.

2-Alterações hormonais.

Os hormônios produzidos pelos ovários atuariam em diferentes partes do organismos aumentando a retenção de água, e alterando o nível dos neurotransmissores e, portanto, desencadeando a TPM.

3-Prostaglandinas.

As prostaglandinas são substâncias produzidas em vários locais do corpo, mas quando em excesso podem provocar dor.

4-Retenção de água

A retenção de água pelo organismo explicaria o inchaço e as dores nas mamas, pernas, barriga etc.

5-Hereditariedade

A TPM ocorre mais frequentemente em mulheres cujas mães também tinham TPM.

6-Outros fatores

Fatores externos tais como: dificuldade econômica, divórcio, pressão no trabalho, doenças, “stress” ou desemprego podem muitas vezes desencadear ou agravar os sintomas da TPM.

COMO FAZER PARA SABER SE TENHO TPM?

Anote diariamente em um calendário tudo o que você sentir.

Faça isto durante dois meses seguidos, sem esquecer de anotar os dias da menstruação.

Agora observe as suas anotações e verifique se os sintomas aparecem alguns dias antes da menstruação e se desaparecem com ela. Se isto estiver ocorrendo, então você tem TPM.

Se os sintomas persistirem após o término da menstruação, então não é TPM.

EXISTE TRATAMENTO PARA A TPM?

Sim, existem vários tratamentos para a TPM.

A escolha do tratamento dependerá do tipo de sintoma que você estiver sentindo e da intensidade do mesmo.
Por exemplo: se você tiver uma discreta dor de cabeça o tratamento será diferente da mulher que tiver muita irritabilidade e ansiedade.

QUAIS OS TIPOS DE TRATAMENTOS PARA A TPM?

Existem vários tratamentos que podem ser utilizados na TPM, tais como:

  • vitaminas : geralmente a vitamina B6 e a vitamina E.
  • analgésicos: remédios utilizados para diminuir a dor.
  • calmantes: são drogas que fazem a pessoa ficar mais calma e podem ser naturais (à base de chás) ou comprados com receita médica especial;
  • antidepressivos: substâncias utilizadas para diminuir a depressão. Somente podem ser prescritas pelo médico.
  • diuréticos: alimentos ou remédios que fazem perder água.
  • psicoterapia: importante auxiliar do tratamento.
  • ioga:ajuda a melhorar os sintomas físicos e psíquicos, elevando a auto-estima.

 

QUANDO É PRECISO TRATAR A TPM?

O tratamento da TPM deve ser feito sempre que os sintomas estiverem interferindo no desempenho profissional, social e familiar. Isto não quer dizer que, obrigatoriamente, você precise sempre tomar medicamentos.

V – TRATAMENTO

O tratamento da síndrome pré-menstrual pode ser dividido em:

a – Orientações gerais:

O tratamento da SPM deve iniciar com o preenchimento diário dos sintomas. Mudanças no humor e no comportamento deixam a mulher muitas vezes preocupada não somente com as próprias atitudes, mas também com a ansiedade decorrente do fato de que poderia estar ficando doente psíquica ou fisicamente. Por isto, a primeira conduta a ser adotada é esclarecer a ela e aos familiares que a SPM não é doença, mas se não for controlada a qualidade de vida da mulher e de seus familiares poderá ser comprometida. Embora os sintomas desapareçam após a menstruação, as consequências das atitudes adotadas no período anterior poderiam ser definitivas. Diminuição da produtividade (causada, por exemplo pela cefaléia), a irritabilidade e a depressão frequentemente acarretariam repercussões no local de trabalho, gerando possíveis demissões.

Na primeira consulta o médico deve:

1 – eliminar medos, expectativas e crenças a respeito da menstruação;

2 – orientar a mulher sobre a necessidade de mudar o estilo de vida e a maneira de lidar com os problemas do dia a dia, evitando não somente tomar decisões importantes nos dias que antecedem a menstruação, mas também situações de stress que agravariam os sintomas;

3 – aconselhar sobre as vantagens de praticar exercícios físicos ou atividades esportivas. O exercício físico é de grande valia na terapia da SPM, pois além de reduzir os sintomas depressivos ele atuaria aumentando a autoestima e liberando endorfinas produzindo a redução dos sintomas;

4 – Alterações nos hábitos alimentares (Severino; Moline, 1995).

O papel dos fatores nutricionais na SPM foi descrito pela primeira vez em 1944, com base na observação de que as pacientes com SPM consumiam mais açúcar refinado, carboidrato e produtos com menos vitaminas e minerais que o grupo controle. O objetivo principal deste tratamento é a gradual aquisição de melhores hábitos nutricionais e a retirada de fatores que possam agravar a sintomatologia, dentre eles a redução da ingestão de cafeína, sal, açúcar refinado e álcool;

-a redução da cafeína reduz a cefaléia, a insônia e a ansiedade;

– restrição na ingestão de sal;.

– reduzir a ingestão do açúcar que causa retenção de sódio e água pelos rins, expansão do volume extracelular, distensão abdominal e mastalgia;

-restrição de bebidas alcoólicas. A ansiedade e a tensão podem promover aumento na ingestão do álcool no período pré-menstrual, acarretando hipoglicemia com agravamento da SPM. O uso contínuo pode gerar dependência.

5 – Reduzir o “stress”

Embora o “stress” não cause SPM, experiências clínicas indicam que situações de “stress” podem afetar a intensidade dos sintomas e, por isso, devem ser evitadas.

DICAS PARA TRATAR A TPM

1 – Aprenda a se conhecer para melhor controlar as suas emoções e as suas atitudes.

2 – Evite compromissos importantes nestes dias principalmente reuniões com a chefia. Caso não seja possível, fale o mínimo necessário.

3 – Faça exercícios físicos, que melhoram a tensão, a irritabilidade e dão uma sensação de alívio e bem estar.

4 – Perca alguns minutos a mais se arrumando, pois sua auto estima está baixa e isto irá ajudá-la a se sentir melhor.

5 – Cuidado com a dieta. Evite comidas salgadas para não piorar o inchaço. Tome menos café, para não aumentar a insônia e a ansiedade, e cuidado com os doces. Se não puder evitá-los, coma em quantidades pequenas.

6 – Quando tiver pensamentos pessimistas, tente substituí-los por coisas mais alegres. Assista programas humoristicos ou saia para passear e se distrair.

7 – Alivie a tensão conversando e se possível, tente rir e contar fatos gozados ou mesmo piadas. Evite diálogos tensos.

8 – Faça alguma coisa pelos outros, pois isto a ajudará a esquecer seus próprios problemas e a fará sentir-se melhor.

9 – Policie a sua fala: evite criticar alguém, pois qualquer crítica nestes dias, terão uma conotação mais agressiva.

10 – Evite tomar qualquer decisão importante nestes dias, seja a demissão do emprego ou o término do relacionamento. Aguarde até o fim da menstruação, onde com certeza as idéias estarão mais claras e com menos emotividade.

 

b – Sintomáticos

1.analgésicos

Os analgésicos são utilizados na TPM principalmente para tratamento da dor de cabeça, da cólica e das dores nas mamas, pernas e barriga. Os analgésicos são medicamentos que atuam na dor, e podem ser administrados com ou sem prescrição, dependendo do medicamento utilizado. Nos casos em que a dor é muito forte, é importante procurar o médico, para receber a medicação mais adequada para cada tipo de dor. Outra coisa importante é saber que todas as doenças podem piorar nos dias que antecedem a menstruação, por isto é comum sentir que a dor que já existia ficou mais forte. Felizmente existem vários medicamentos, que não só tiram toda a dor, como impedem que elas apareçam.

2. antiinflamatórios ou inibidores das prostaglandinas:

os antiinflamatórios são muito utilizados, principlamente para tratar a cólica e as dores no corpo, ou mesmo na cabeça. O ideal é que sejam prescritos pelo médico, para que a dosagem não seja ultrapassada, e tenham problemas futuros. São obrigat´roios nas adolescentes que apresentam muita cólica, pois alem de tirarem a dor, ainda diminuem o fluxo menstrual.

3.diuréticos

raramente são utilizados, somente nos casos de inchaço importante

c – Medicamentos para melhorar o humor

1- Ansiolíticos:

Os ansiolíticos tem a grande vantagem de melhorarem os sintomas da ansiedade, tensão e irritabilidade, mas devem ser usados somente no período pré-menstrual, pois podem provocar sonolência e diminuir os reflexos (principalmente motores), e a longo prazo podem causar dependência quando administrados diariamente.

2 – Antidepressivos:

Recentemente, os antidepressivos foram introduzidos no tratamento da SPM, sendo considerada atualmente a primeira opção nos para o tratamento de SPM severa com predominância dos sintomas psíquicos.

Os mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina. Eles atuam bloqueando a recaptação da serotonina e permitindo que este neurotransmissor permaneça por mais tempo organismo, melhorando os sintomas de irritabilidade, depressão, ansiedade, e tristeza. Por não interferirem nos demais neurotransmissores apresentam poucos efeitos colaterais, mas necessitam de receita médica para serem comprados, e devem ter acompanhamento médico.

Outros antidepressivos, tais como os tricíclicos também podem ser usados, nos casos mais severos, isoladamente ou associados.

d- hormônios para controlar o ciclo menstrual

O controle do ciclo menstrual pode ser feito de várias maneiras, mas em muitos casos os efeitos colaterais são fatores importantes para o abandono do método.

Ao interromper a menstruação, muitos dos sintomas da TPM podem desaparecer, principalmente os sintomas físicos, mas podem surgir outros sintomas, decorrentes do hormônio administrado.

Infelizmente não existe nenhum método que interrompa a menstruação em 100% das mulheres, e cada caso deve ser analisado individualmente.

Atualmente os métodos mais utilizados são:

1- pílula anticoncepcional contendo apenas progestogênios na composição;

2- pílulas anticoncepcionais com estrogênios e progestogênios (pílulas normais) usadas de forma contínua, sem intervalo;

3- colocação de dispositivo intra uterino (DIU) contendo hormônio;

4- injeções trimestrais com progestagênios em grande quantidade;

5- implantes contendo hormônios,

Todos estes métodos apresentam vantagens e desvantagens, e devem ser discutidos com o ginecologista, por exemplo:

– as pílulas contendo estrogênios e progestagênios não podem ser tomadas de forma contínua por mulheres com mais de 40 anos ou fumantes, pois podem causar trombose e hipertensão;

– as injeções trimestrais são baratas, melhoram muito os sintomas, mas podem reter líquido e engordar;

– os implantes podem ser de vários tipos, mas os únicos liberados pela Anvisa, no Brasil, são os que são colocados no braço, e muitas vezes podem causar sangramentos e não interromper a menstruação.

– o DIU com hormônio é um bom método, mas podem ser eliminados nas pacientes que não tiveram filhos;

– as pílulas contendo apenas o progestagênio podem provocar sangramentos irregulares

 

Por isto, cada método deve ser avaliado individualmente

e- Vitaminas e minerais

As vitaminas ( B e E) podem ser utilizadas para diminuir os sintomas da TPM leve ou moderada, melhorando principalmente a irritabilidade, dores nas mamas

f-Fitoterápicos

Os fitoterápicos são drogas extraídas das plantas e com resultados que variam de pessoa para pessoa. São muito utilizados nas TPM leves ou moderadas, e melhoram principalmente a ansiedade, e as dores, mas em casos mais severos, eles não conseguem atuar. dentre eles estão : extratos de passiflora, ácido gamalinolêico

g- Psicoterapia

Ajuda muito a tratar os sintomas psiquicos, e pode ser associada com os demais tratamentos. Segundo Parker (1969), a psicoterapia isoladamente não evita a SPM, mas ela é de grande valia para a paciente entender a síndrome e melhorar a sua atitude em relação aos seus sintomas. A psicoterapia é obrigatória em mulheres onde os sintomas depressivos e a agressividade estão presentes de forma intensa. Em pacientes com antecedentes de doenças psiquiátricas, a avaliação de um psicólogo ou psiquiatra é fundamental antes do início do tratamento.

h-outros

Yoga, meditação, atividades filantrópicas, atividades físicas, em grupo ou isoladamente, etc.

 

CONCLUSÃO

Com a entrada da mulher no mercado de trabalho (não somente como forma de sobrevivência, mas também como forma de realização pessoal) a dupla jornada de trabalho acarretou aumento tanto da síndrome pré-menstrual como de algumas doenças, antes mais frequentes no sexo masculino, tais como o enfarte cardíaco em idade precoce.

A síndrome pré-menstrual que antes era um problema exclusivo da mulher e de seus familiares adquiriu proporções importantes a partir do momento que o trabalho feminino passou a interferir com a economia do país. Dados sobre horas de trabalho perdidas durante a síndrome e repercussão da mesma sobre o ambiente de trabalho e a produtividade despertaram a atenção dos empregadores, das indústrias e de órgãos responsáveis pela saúde.

A TPM deixou de ser um problema familiar e passou a ser tratado com mais seriedade. A compreensão da síndrome e descoberta de medicamentos com menos efeitos colaterais têm permitido às mulheres uma melhor qualidade de vida, que se reflete não apenas na produtividade, no trabalho, mas principalmente no convívio social e familiar.

A TPM, embora não seja considerada uma doença, ela afeta não só as mulheres, mas também todos os que convivem com ela, por isto, o tratamento está indicado sempre que os sintomas prejudicarem o dia a dia, ou os relacionamentos familiares os profissionais.

E é importante lembrar que a TPM termina com a menstruação, mas tudo o que foi feito ou falado no período pré-menstrual, permanecerá por muito tempo.