O que é HVP? como é adquirido? como pode ser prevenido?

Existe vantagens em vacinar as meninas com 9 a 13 anos na escola?

Qual a relação do HPV com o câncer do utero, do penis e da garganta?

O que significa “HPV”?

É a sigla em inglês para papilomavírus humano. Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, que podem tanto causar as verrugas de mãos e pés, como ainda o condiloma acuminado e o câncer.

 

Transmissão

Como o HPV é transmitido?

A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada.

A principal forma é pela via sexual, que inclui contato genital, anal, oral ou mesmo só com a pele contaminada (por exemplo o dedo). Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal . Daí a necessidade de usar o preservativo, logo no inicio da relação, antes de qualquer contato com o parceiro

Outras possíveis formas de transmissão são:

– contaminação através do compartilhamento de toalhas e roupas íntimas, roupa de banho , mesma cama ou mesmo vasos sanitários, etc.

-transmissão durante o parto.

 

Os HPV são facilmente contraídos?

Os dados estatísticos mais recentes indicam que a incidência desse tipo de infecção vem aumentando em quase todo o mundo, dependendo do método de diagnóstico utilizado e da população avaliada.

Estima-se que 10 a 20% da população adulta sexualmente ativa tenha infecção pelo HPV embora apenas 1% apresente o condiloma clássico e 2% apresente o que chamamos de doença subclínica (diagnosticada somente com a colposcopia).

Os jovens representam o grupo com o maior número de infectados, chegando a taxas de 46% em mulheres de 20 a 30 anos. Estas taxas decrescem com a idade, 10% em mulheres com 40 anos e 5% em mulheres acima de 55 anos de idade.

A faixa etária de maior acometimento situa-se entre 20 e 40 anos, com o pico de incidência entre 20 e 24 anos, tanto na população feminina como na masculina.

Outros estudos, são menos otimistas, e consideram que até 30 a 75% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens.

Para haver o contágio com o HPV, a(o) parceira(o) sexual precisa apresentar manifestações da infecção?

Não . Na maioria das vezes a lesão é assintomática, ou seja não está visível a olho nu. Mas se houver condiloma ou verruga as chances de adquirir a infecção são maiores do que 50%.

Após o contágio com HPV por quanto tempo uma pessoa pode não manifestar a infecção?

Não se sabe por quanto tempo o HPV pode permanecer inaparente e quais são os fatores responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. As manifestações da infecção podem só ocorrer meses ou até anos depois do contato. Por esse motivo não é possível determinar se o contágio foi recente ou antigo.

Na ocorrência de relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV, como saber se houve contaminação?

O fato de ter mantido relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção, mas não sabemos qual é o risco por não conhecermos a contagiosidade do HPV. Apesar da ansiedade ocasionada pela possibilidade de contaminação, não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV. As pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o surgimento de alguma lesão, mas não adianta procurar o médico no dia seguinte, pois isto pode levar semanas a meses para ocorrer. As mulheres devem obedecer à periodicidade de realização do exame preventivo (Papanicolaou).

 

Manifestações da infecção pelo HPV

Uma pessoa infectada pelo vírus necessariamente apresenta sinais ou sintomas?

A maioria das infecções por HPV é assintomática e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Habitualmente as infecções pelo HPV se apresentam como lesões microscópicas ou não produzem lesões, o que chamamos de infecção latente. Quando não vemos lesões não é possível garantir que o HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença.

Quais são as manifestações da infecção pelo HPV?

Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverá alguma forma de manifestação.
A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica.

As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões exofíticas também chamadas de verrugas ou de condiloma acuminado ( “crista de galo”). Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos.

As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são chamadas de Lesões Intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau I (NIC I), que refletem apenas a presença do vírus, e de Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau/Neoplasia Intra-epitelial graus II ou III (NIC II ou III), que são as verdadeiras lesões precursoras do câncer do colo do útero.

Pode ocorrer o desenvolvimento de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo , tais como na boca ou anus.

Estou com uma lesão genital que se assemelha à descrição de lesão provocada por HPV. O que devo fazer?

É recomendado procurar um profissional de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado.

 

Diagnóstico do HPV

Como a infecção pelo HPV é diagnosticada em homens e mulheres?

O diagnóstico das verrugas ano-genitais pode ser feito em homens e em mulheres por meio do exame clínico.

As lesões subclínicas (não visualizadas a olho nu) podem ser diagnosticadas por meio de exames laboratoriais (citopatológico, histopatológico e de biologia molecular) ou do uso de instrumentos com poder de magnificação (lentes de aumento), após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia).

A investigação diagnóstica da infecção latente pelo HPV, que ocorre na ausência de manifestações clínicas ou subclínicas, só pode atualmente ser realizada por meio de exames de biologia molecular, que mostram a presença do DNA do vírus. Entretanto, mais importante que diagnostica a presença ou não do virus, é identificar se ele está ou não comprometendo os tecidos, isto é, se ele penetrou nas células e está se reproduzindo. Isto é feito , como dito anteriormente, através do exame do papanicolaou ou da biópsia.

 

Tratamento

Qual o tratamento para a infecção pelo HPV?

Não há tratamento específico para eliminar o vírus. Em 70% das vezes, a cura é espontânea e o virus desapare em 2 anos. Nos casos em que o virus foi diagnostica nas células do exame do papanicolaou é preciso fazer exames períodicos, semestralmente para verificar se o virus desapareceu. Em 30 % dos casos ele poderá persistir nas células infectadas por mais de 2 anos. Nestes casos o tratamento deverá ser realizado, de acordo com o grau da infecção.

As lesões de baixo grau ( NIC I) não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição do exame preventivo em seis meses.

O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.

O tratamento apropriado das lesões precursoras ( NIC II e NICIII) é imprescindível para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento excisional das Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau. O tipo de tratamento dependerá do número de filhos, idade da paciente e da presença ou não de outras doenças associadas. Geralmente é realizada a exérese da zona de transformação (EZT) por eletrocirurgia, laser ou conização cirurgica. Quando existem outras patologias associadas, tais como miomas , e a mulher não deseja mais engravidar, pode ser realizada a retirada total do útero, incluindo toda a região comprometida do colo uterino.

Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar a conduta mais adequada.

Após passar por tratamento, a pessoa pode se reinfectar?

Sim. A infecção por HPV pode não induzir imunidade natural e, além disso, pode ocorrer contato com outro tipo viral.

Que tipo de médico deve ser procurado para diagnosticar e tratar o HPV?

Médicos ginecologistas, urologistas, proctologistas, dermatologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço e mesmo dentistas podem diagnosticar a infecção pelo HPV, dependendo do local onde ela se instalou podem diagnosticar tratar pessoas com infecção por HPV. Somente depois de diagnosticado, que será encaminhado para o especialista da área.

 

Prevenção

Como homens e mulheres, independente na orientação sexual, podem se prevenir dos HPV?

Apesar de sempre recomendado, o uso de preservativo (camisinha) durante todo contato sexual, antes mesmo da penetração, isto não protege totalmente da infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de ser infectadas. Na presença de infecção na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.

Sempre se deve usar o preservativo nas relações orais.

Existe vacina contra o HPV? Ela previne totalmente a infecção pelo HPV?

Sim. Existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que estão comercialmente disponíveis: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (nome comercial Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que confere proteção contra HPV 16 e 18.

No entanto, elas não previnem contra os demais tipos de virus HPV, o que significa que mesmo tendo tomado a vacina, a pessoa pode ser infectada por outro tipo de virus do HPV, menos invasivos, e a infecção ou não dependerá do estado imunológico da pessoa contaminada.

Para que servem as vacinas contra o HPV?

As vacinas são preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de HPV nelas contidos.

A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas de colo do útero, vulva e vagina e câncer do colo do útero em mulheres e verrugas genitais em mulheres e homens, relacionados ao HPV 6, 11, 16 e 18.

A vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero e câncer do colo do útero em mulheres, relacionados ao HPV 16 e 18.

Nenhuma das vacinas é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou lesões já existentes.

Quem pode ser vacinado?

De acordo com o registro na ANVISA, a vacina quadrivalente é indicada para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade e vacina bivalente é indicada para mulheres entre 10 e 25 anos de idade. Novos estudos mostraram que as vacinas também são seguras para mulheres com mais de 26 anos e os fabricantes já iniciaram os procedimentos para que a ANVISA aprove seus produtos para faixas etárias mais avançadas. No momento as clínicas de vacinação ainda não estão autorizadas a aplicar as vacinas em faixas etárias superiores às estabelecidas pela ANVISA.

Ambas as vacinas possuem maior indicação para jovens que ainda não iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. Países que adotam a vacinação em programas nacionais de imunização utilizam a faixa etária de 11 a 13 anos, embora até hoje não se saiba o tempo de permanência dos anticorpos e da imunização no indivíduo. Por isto o ideal seria vacinar pouco antes do início da vida sexual .

Vale a pena vacinar mulheres que já iniciaram a atividade sexual?

Após o início da atividade sexual a possibilidade de contato com o HPV aumenta progressivamente: 25% das adolescentes apresentam infecção pelo HPV durante o primeiro ano após iniciação sexual e três anos depois esse percentual sobe, segundo alguns trabalhos para 50 a 70%.

Não há, até o momento, evidência científica de benefício estatisticamente significativo em vacinar mulheres previamente expostas ao HPV. Isso quer dizer que algumas mulheres podem se beneficiar e outras não. Nesses casos a decisão sobre a vacinação deve ser individualizada, levando em conta as expectativas e a relação custo-benefício pessoal.

Não existe risco à saúde caso uma pessoa que já tenha tido contato com o HPV for vacinada.

Vale a pena vacinar mulheres já tratadas para lesões no colo do útero, vagina ou vulva?

Existe evidência científica de pequeno benefício em vacinar mulheres previamente tratadas, que poderiam apresentar menos recidivas. Também nesses casos a decisão sobre a vacinação deve ser individualizada.

Vale a pena vacinar homens?

A eficácia da vacina contra HPV foi comprovada em homens para prevenção de condilomas genitais e lesões precursoras de câncer no pênis e ânus.

Teoricamente, se os homens forem vacinados contra HPV, as mulheres estariam protegidas através de imunidade indireta ou de rebanho, pois o vírus é sexualmente transmissível. Entretanto, estudos que avaliaram a custo-efetividade das vacinas para a prevenção do câncer do colo do útero através de modelos matemáticos mostraram que um programa de vacinação de homens e mulheres não é custo-efetivo quando comparado com a vacinação exclusiva de mulheres.

Por quanto tempo a vacina é eficaz?

A duração da eficácia foi comprovada até 8-9 anos, mas ainda existem lacunas de conhecimento relacionadas à duração da imunidade em longo prazo (por quanto tempo as três doses recomendadas protegem contra o contágio pelo HPV) e a necessidade de dose de reforço (aplicação de novas doses da vacina no futuro na população já vacinada).

As vacinas são seguras?

Sim, seguras e bem toleradas. Os eventos adversos mais observados incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção e dor de cabeça de intensidade leve a moderada. Mas como o seu uso ainda é recente, alguns efeitos colaterais indesejáveis, ou mesmo graves, ainda podem ser detectados

Existem contra-indicações para a vacinação?

A vacina está contra-indicada para gestantes, indivíduos acometidos por doenças agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou excipientes) de imunobiológicos.

Há pouca informação disponível quanto à segurança e imunogenicidade em indivíduos imunocomprometidos.

Como as vacinas são administradas:

Ambas são recomendadas em três doses, por via intramuscular.

A vacina quadrivalente tem esquema vacinal 0, 2 e 6 meses e, caso seja necessário um esquema alternativo, a segunda dose pode ser administrada pelo menos um mês após a primeira dose e a terceira dose pelo menos quatro meses após a primeira dose.

A vacina bivalente tem esquema 0, 1 e 6 meses, podendo ter a segunda dose administrada entre um mês e dois meses e meio após a primeira dose e a terceira dose entre cinco e 12 meses após a primeira dose.

As meninas ou mulheres vacinadas podem dispensar a realização do exame preventivo?

Não. É imprescindível manter a realização do exame preventivo da citologia oncótica vaginal ( papanicolaou), pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a prevenção secundária.

A vacina contra o HPV está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS)?

NÃO.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina estará disponível para a rede pública, a partir de março de 2014. Segundo o ministério da Saúde ela será administrada apenas em meninas de 11 a 13 anos, portanto continuará indisponível no SUS para a grande maioria dos adolescente que estão iniciando a vida sexual e não podem pagar pela vacina, já disponível nas clínicas particulares.

Onde é possível atualmente ser vacinado contra o HPV?

Atualmente as vacinas profiláticas contra o HPV estão disponíveis em clínicas de vacinação particulares. Entretanto , o ideal é procurar centros de vacinação, pois muitos consultório não são fiscalizados pela ANVISA e as vacinas podem ser mal conservadas, comprometendo sua eficácia.

O custo de cada dose da vacina é de aproximadamente R$400,00 e são necessárias 3 doses, em um prazo de 6 meses.

A população mais carente, mais predisposta ao câncer continuará sem a vacina

A forma como as informações sobre o uso e a eficácia da vacina têm chegado à população brasileira é adequada?

Não. É imprescindível esclarecer sob quais condições a vacina pode se tornar um mecanismo eficaz de prevenção para não gerar uma expectativa irreal de solução do problema e desmobilizar a sociedade e seus agentes com relação às políticas de promoção e prevenção realizadas. Deve-se informar que, segundo as pesquisas, as principais beneficiadas são as meninas que ainda não fizeram sexo e que as mulheres deverão manter a rotina de realização do exame Papanicolaou e de diagnóstico de DST; e que, mesmo que a aplicação da vacina ocorra em larga escala, uma redução significativa dos indicadores da doença pode demorar algumas décadas.

 

HPV e câncer do colo do útero

Qual é a relação entre HPV e câncer?

A infecção pelo HPV é muito frequente, mas transitória e em 90 % das vezes regride espontaneamente no prazo de dois anos após o contágio. No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste pois mais de 2 anos, dependendo do tipo de vírus ( principalmente o HPV 16 e HPV 18) ela pode evoluir para a neoplasia intraepitelial grau I ( NIC I), depois grau II (NIC II) e finalmente grau III (NIC III), que se não for tratada evoluirá para o câncer , principalmente do colo do útero, mas também da vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.

Quais são os tipos de HPV que podem causar câncer?

Dos mais de 100 tipos diferentes de HPV, pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras do câncer. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Já os HPV 6 e 11 são encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, e normalmente não evoluem para o câncer, mas provocam lesões elevadas, semelhante a verrugas ou tumores, localizados na vulva, vagina, penis e mucosa oral.

Quais são os sinais da infecção pelo virus do HPV? e como detectá-los?

geralmente a infecção pelo vírus do HPV é assintomáticoa. Isto é, não causa nenhum sintoma . ela pode desaparecer espontaneamente, em 90% dos casos, como evoluir e causar sintomas , tais como corrimento, sangramento, tumor com odor fétido ou mesmo o câncer

O que é câncer do colo do útero?

É um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, que se localiza no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras, são totalmente curáveis na maioria das vezes e, se não tratadas, podem demorar muitos anos para se transformar em câncer.

As lesões precursoras ou o câncer em estágio inicial não apresentam sinais ou sintomas, mas conforme a doença avança podem aparecer sangramento vaginal, corrimento e dor, nem sempre nessa ordem. Nesses casos, a orientação é sempre procurar um posto de saúde para tirar as dúvidas, investigar os sinais ou sintomas e iniciar um tratamento, se for o caso.

Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do útero?

Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

A mulher infectada pelo HPV tem 30% de chance de evoluir para a neoplasia intraepitelial severa, e esta sim, se não tratada após alguns anos ( 10 a 30 anos) acaba evoluindo para o câncer invasivo.

Além da infecção pelo HPV, há outros fatores que aumentam o risco de uma mulher desenvolver câncer do colo do útero?

Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. Desta forma, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada por infecção por HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.

Como as mulheres podem se prevenir do câncer do colo do útero?

Fazendo o exame preventivo (de Papanicolaou ou citopatológico), que pode detectar as lesões precursoras. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas é possível prevenir a doença em 100% dos casos.

O exame deve ser feito preferencialmente pelas mulheres com vida sexual ativa, há mais de 2 anos. Os dois primeiros exames devem ser feitos com intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, e mantiver o mesmo parceiro sexual o exame passará a ser realizado a cada 2 ou 3 anos.

Onde é possível fazer os exames preventivos do câncer do colo do útero pelo SUS?

O exame pode ser feito em laboratórios , no consultório médico do ginecologista ou nos postos de saúde, pelo SUS ( gratuitamente)

Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do SUS estão disponíveis em todos os estados do País e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de seu município para obter informações.

 

HPV e gravidez

Existe risco de má formação do feto para mulheres grávidas infectadas com HPV?

A ocorrência de infecção pelo HPV durante a gravidez não implica em má formação do feto.

Qual a via de parto indicada para mulheres grávidas infectadas com HPV?

O parto normal não é contra-indicado, pois, apesar de ser possível a contaminação do bebê, o desenvolvimento de lesões é muito raro. Também pode ocorrer contaminação antes do trabalho de parto. Mas a tendência no Brasil é de fazer cesárea antes da rotura da bolsa com leões genitais visíveis, para evitar a infecção do RN durante a passagem pela região contaminada . Há casos de papiloma de amígdala em RN com parto normal e infecção viral ativa no momento do parto.

 

Conclusão

1- Até a presente data, o exame do papanicolaou é a forma mais eficaz e segura de prevenir o câncer do colo do útero, e não devem ser abandonados ou negligenciados

2- O vírus do HPV é o principal responsável pelo câncer do colo do útero

3-Cerca de 70 % das mulheres infectadas pelo HPV possui imunidade suficiente para evitar a infecção pelo virus, apesar do contato. Geralmente o virus desaparece espontaneamente em 2 anos

4- As neoplasias intra epiteliais de grau I podem ser apenas acompanhadas e não precisam de tratamento. As neoplasias intraepiteliais de grau II ( NIC II) devem ser observadas a cada 6 meses. E as neoplasias de Grau III devem ser tratadas pois se transformarão em câncer, na grande maioria das vezes.

5- As vacinas contra o HPV previnem a evolução para o câncer do colo e o aparecimento de verrugas causadas pelo virus do HPV tipo 6 e 11 ( mais comuns)

6- O ideal é a vacina ser aplicada antes do inicio da vida sexual ativa, mas segundo o ministério da saúde, a vacina gratuíta só estará disponível para meninas de 11 a 13 anos, que estiverem nas escolas e não para as adolescentes que vão iniciar a vida sexual e procuram o posto de saúde ou os ginecologistas, e não conseguem pagar pela vacina.

7- Cada dose da vacina , aplicada atualmente nas clinicas ou laboratórios, não saem por menos de R$400,00 reais, e são necessárias 3 doses.

8- Portanto, antes de gastar dinheiro em escolas, o governo deveria fornecer as vacinas nos postos de saúde para as adolescentes que vão fazer a sua imunização aos 15 anos, ou mesmo iniciar a vida sexual.

9- A utilização do preservativo em qualquer relação sexual, é muito importante, pois é ainda a melhor forma de evitar não só todos os tipos de HPV, mas também as demais doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, sífilis, gonorréia, etc.

Por isto o governo deveria investir mais em preservativo , fornecendo o mesmo em todos os postos, e dispensando a necessidade de receita para retirá-los de graça. Outra medida importante é o fornecimento de pílulas nos postos de saúde, independentemente da receita médica.

10- Mesmo quem tomou a vacina deve continuar fazendo o exame do papanicolaou pois é a única forma eficaz de prevenir o câncer não só causado pelo virus do HPV tipo 16 e 18, mas pelos outros virus que não foram abrangidos na vacina. É também durante a colheita do papanicolaou que se realiza a consulta médica e a detecção de outras doenças, tais como: mioma, anemia, hipertensão, etc